segunda-feira, 27 de julho de 2009

um parentese no tempo

um parentese no tempo
uma pausa onde o som se esvazia
um silêncio que se ouve
um horizonte que se aproxima
um tempo que deixa de existir
numa dimensão onde o eu se ausenta
perante uma solidão imensa
plena de uma dor que nos atormenta
e sentimos o dom das lágrimas
na incerteza do amanhã
na certeza de um passado
e na presença de presente
mas tudo isso é inexistente
perante o gargalhar de uma criança
e o rugir do mar
porque tudo o que vemos não importa
apenas o que sentimos

domingo, 5 de julho de 2009

O prazer de me ter descoberto...




Eu que desconhecia a dimensão do meu ser, tentava vorazmente, encontrar a felicidade no que me rodeava. Justificava as minhas tristezas nos outros, e não me apercebia, que me acomodava a uma vida de escravidão, onde a secreta política do desconhecimento me tornava prisioneira. Em vão lia livros que me indicavam a solução. E nada me demovia desse ego maníaco que a todo custo preferia viver essa ilusão de viver sem coração. Tratava-se de uma sobrevivência, que na promessa de um altar me levava a largos passos a uma cova profunda: A Funda; Mas tudo mudou quando um dia em plena água límpida de um rio me banhei. Perante o cristalino do azul me espelhei e me apaixonei, pelo ser que ali flutuava imerso no cosmos: Era eu reflectida. Eu que em vão me procurava e que eli me encontrava. Era eu, que vivia ali no mais natural do sobrenatural: o tal eu que amava. O tal eu que somente vibrava ao som da música ianudível do universo; aquele som que fazia dançar todas as partículas do meu ser. E como se de um conjunto de gotas se tratasse expandia até um céu ser. E como um céu tudo envolver sem pertencer; tudo ser sem se perder; tudo conhecer sem julgar;
E perante essa imagem me vi, não mais como humana, mas como a tal deusa que em anjo se transforma procurando tornar audível o inaudível; e perante o canto da terra me calei, e deixei que ele como uma serpente me perfurasse o corpo e nele me percorresse desde os pés até a cabeça, saindo dolorasamente por esse olho inconsciente, que vê mundos que a própria mente desconhece; ligada ao centro da terra o magma me percorreu queimando todo o meu karma...